Como a natureza trata os seus resíduos

Luciene Cunha
jan 17, 2022

Você já se perguntou como os resíduos se decompõe na floresta? E por que não se acumulam como acontece nas cidades?

O ritmo da natureza cria um equilíbrio entre produção de frutos, amadurecimento e queda do fruto maduro. Da mesma forma os animais seguem esse ritmo e só caçam para se alimentar. Não há estocagem de comida, não há produção de comida em demasia, não há nenhuma população de animais que se reproduz sem predador.

Simplificando todo o processo, podemos dizer que os frutos maduros caem e são comidos pelos animais ou apodrecem. Os animais caçados, são devorados pelo predador que ao se satisfazer deixa os restos para outro grupo de predadores até que sobrem apenas carcaças. Sobre todos esses resíduos continuamente caem folhas secas das muitas árvores que compõe a floresta, larvas e seres microscópicos começam a agir e com isso a transformação natural dos resíduos em adubo orgânico (húmus) que enriquece a terra é favorecida.

E por que esse ciclo natural de degradação dos resíduos orgânicos não acontece também nas cidades?

Primeiro, porque o volume que produzimos de resíduos todos os dias individualmente (cerca de 1kg por pessoa) é muito maior e segundo porque os resíduos coletados não são somente orgânicos e são atirados em lixões ou aterros sanitários, junto com muitos outros resíduos não orgânicos, fabricados pelo homem e que fazem com que os orgânicos acabem por ter seu potencial de enriquecimento do solo desperdiçado e pior ainda, os resíduos orgânicos que se decompõe nesse tipo de ambiente, contaminam o solo porque ao se decompor carregam junto elementos poluentes encontrados nos resíduos não orgânicos da pilha de resíduos do aterro.

Essa pilha de resíduos misturados sem critério e sem aproveitamento dos respectivos potenciais é o que podemos chamar de LIXO.

Na natureza, não há lixo, somente resíduos.

Qual a diferença entre LIXO e RESÍDUOS?

Na natureza (e aqui entenda “natureza” por áreas da floresta intocadas pelo homem moderno) não há lixo, porque esse é um conceito inventado pelo homem moderno.

Neste ambiente tudo se transforma. Nada é desperdiçado. Uma vida se transforma em alimento para outra vida e depois se decompõe e volta a nutrir e enriquecer a terra. Por sua vez, a terra fértil vira alimento para as raízes das árvores que crescem e frutificam alimentando os animais. A cadeia alimentar que acontece em um ambiente natural intocado é circular, nada se perde.

Quando o homem descobriu como cultivar seus próprios alimentos através da agricultura, esse ciclo de vida-morte-vida começou a mudar.

Os homens começaram a se agrupar e formar comunidades.

Deu-se início a produção de itens de consumo que se faziam necessários para essa nova forma de viver. Essa necessidade da vida sedentária trouxe uma nova configuração para os bens de consumo. Eram os bens duráveis. Normalmente desenvolvidos por pessoas habilidosas, como artesãos e ferreiros.

Mas nada foi tão crucial para a mudança do ciclo de vida-morte-vida da natureza como a Era Industrial.

A partir dessa fase, toda a nossa noção de consumo mudou radicalmente. O homem passou a consumir mais do que precisava. Os itens industriais precisavam ser vendidos e para que isso acontecesse continuamente, entrou em cena a publicidade (nossa conhecida propaganda) que incitava as pessoas a consumir mais e mais, muitas vezes produtos que não precisavam. Os produtos deixaram de ser perenes e passaram aos poucos a serem “descartáveis”. Sim muitos produtos começaram a ser realmente descartáveis (para usar uma única vez) e alguns, que deveriam ser duráveis, passaram a ser muito mais frágeis, visto que já não deveriam ou não precisavam durar tanto, forçando o indivíduo a trocar os seus equipamentos por um mais novo, mais bonito e mais moderno. A cultura do consumo pelo consumo foi aos poucos sendo construída e hoje está tão enraizada em nós que parece até que sempre foi assim.

Assim criamos os resíduos recicláveis (ou pelo menos, resíduos que tem potencial para serem reciclados), e os rejeitos, resíduos que não tem potencial para reciclar e não são orgânicos.

Quando misturamos num mesmo “bolo” resíduos sólidos recicláveis, não recicláveis e orgânicos temos o LIXO. Uma montanha de lixo, que na melhor das hipóteses será um aterro sanitário em uma área afastada da cidade, longe das vias públicas movimentadas, afinal “o que os olhos não veem o coração não sente”, já dizia o ditado!

Como podemos mudar isso?

Existem várias formas possíveis de mudar esse quadro, de dar um destino correto para os nossos resíduos.

Cada alternativa merece um post a parte. O importante é saber que temos possibilidades.

Pegamos o caminho errado lá atrás, mas a vida é uma espiral e sempre podemos consertar os nossos erros.

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Autor

Luciene Cunha

Escritora Reatto Ambiental

Comentários

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